quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Conflitos - 1ª montagem

CONFLITOS
Um espetáculo para adolescentes com ou sem conflitos
1ª montagem
1998 a 2000



Luciá Tavares e Aurélio Bastos no palco do Teatro Guarany-Pelotas/RS-Junho de 1998
Foto Fernando Duran

Público de adolescentes na frente do Teatro Guarany-Pelotas/RS em junho de 1989- na fila para assistir ao espetáculo

"CONFLITOS"

Foto Fernando Duran



O espetáculo CONFLITOS teve sua primeira montagem pela Cia Z em 1998. Surgiu com o intuito de alcançar uma parcela de nosso público que ficava para traz. A cobrança por adolescentes, educadores e pais que durante anos haviam assistido aos espetáculos infantis da companhia.
Em 1996 este anseio já havia se apresentado não apenas por parte do público, mas também pelos integrantes da Cia Z que queriam levar à cena, temáticas cabíveis ao público que crescia e abandonava nossos espetáculos.
Como a Cia Z sempre trabalhou de forma intensa, viajando, ensaiando e produzindo; o tempo que restava para pesquisar era em geral nas viagens, e foi justamente numa tournée, que durou mais de 8 meses pelo noroeste do Rio Grande do Sul em 1997, que o elenco da Cia Z empreendeu a vasta pesquisa que levaria ao espetáculo Conflitos.



Matéria publicada no Jornal Pioneiro de Caxias do Sul/RS

estréia do espetáculo "CONFLITOS" e

apresentações do espetáculo infantil

"A GERINGONÇA DA FANTASIA"

13 de maio de 1998




Primeiro buscamos textos de autores consagrados, mas sempre caímos no mesmo problema, ou o texto era adulto ou infantil de mais.
Então começamos a pesquisar com o próprio público alvo que queríamos atingir para entender qual a expectativa destes em relação ao teatro em uma nova fase de suas vidas.
A pesquisa era informal, acontecia em geral nas escolas num bate papo de recreio com estudantes que já tinham nos assistido, entre uma divulgação e outra. Sempre aparecia alguém prá falar da necessidade de seguir indo ao teatro, da falta de opção...da briga com o irmão, do desentendimento com a colega, com os pais ou com o professor. Na sala de professores ou da direção das inúmeras escolas em que apresentamos, sempre surgia uma diretora ou professora com vários relatos e temas que precisavam ser abordados. Nossos fins de semana interioranos, também eram prá isso para um passeio ou debate que sempre acabava por nos conduzir ao teatro e suas infinitas funções. E estes diálogos descompromissados sempre geravam folhas e mais folhas escritas, longos debates e muitas, muitas idéias...




Matéria publicada no Jornal Correio Lageano,

do município de Lages/SC

em 14/04/1999



No início de 1998 quando ainda estávamos em fase de ensaios do espetáculo "A Geringonça da Fantasia" e em processo de confecção do material cênico. O Nilo e o Gérsom estavam enlouquecidos trabalhando na produção do espetáculo pelos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul vieram com uma lista de Prefeituras e escolas que queriam não apenas espetáculos infantis, mas em especial algo para o público jovem.
O alvo foi a Luciá e o Aurélio que então protagonizavam os elencos da Z. Luciá tinha uma série de anotações e pediu uns dias, para o Nilo... O prazo foi o fim de semana. Entre ensaios, sucatas e café, Luciá veio com o argumento do espetáculo em mãos e uma breve descrição das cenas.


Matéria publicada no Jornal Gazeta do Sul do Município de Santa Cruz do Sul/RS em 18/08/1999


"O Nilo sempre nos instigou a fazer as coisas, sempre foi um provocador!!! E provocou o meu instinto de dramaturga, me desafiou. É claro que eu topei esta loucura de escrever CONFLITOS, pois tinha um material já armazenado e sabia que teria ao meu lado me ajudando nesta saborosa empreitada o meu irmão de coração Aurélio. Em uma semana já tínhamos o texto das duas primeiras cenas na ponta da língua. E o texto das cenas 3 e 4 no esqueleto,e dois argumentos distintos para cena final-cena 5. Para testar se o que estávamos criando agradaria, chamei minha irmã adolescente, fonte de inspiração para a personagem Jacqueline, e suas amigas para opinarem, o que não agradava, cortávamos na hora, sem dó nem piedade já que nosso menu de cacos e opções para encaminhar o rumo do espetáculo era amplo.
Eu, e o Aurélio passávamos o dia na sede da companhia, literalmente. Eu as vezes até dormia por lá. E assim nesta entrega louca não tínhamos tempo para nossos conflitos, só queríamos fazer um espetáculo que agradasse ao público sem reproduzir padrões alienantes. Eu queria os adolescentes refletindo, sobre os conflitos infinitos que temos nesta fase da vida. Informativo mas sem moralismos.
No dia da pré estréia, que foi no interior do Rio Grande do Sul, numa cidade de descendência Holandesa chamada Não me Toque. Toda cidade estava lá para nos assistir, professores, alunos da zona rural e urbana. A platéia chegou de sopetão, cerca de 500 alunos e adolescentes entraram aos gritos na platéia e praticamente correndo no salão paroquial. Nem falei nada para o Aurélio só lhe olhei. Ele sabia o que eu estava pensando.
Nilo chegou no camarim improvisado que havíamos feito e disse 'É com vocês'. Entramos em cena e o público pouco a pouco foi se calando, se emocionaram junto conosco, deram muitas risadas, e ao final todos estavam em pé para nos aplaudir. Foi ótimo!!! Os professores e diretores vinham nos agradecer por trazer à tona tantos assuntos que eles não conseguiam abordar em sala. Duas semanas depois fizemos a estréia oficial na Casa de Cultura de Caxias do Sul e a partir daí apresentamos o espetáculo nos mais infinitos lugares do sul do Brasil, até 2001 .Sempre que assisto à uma nova montagem dele me emociono. Pois cada vez mais vejo a necessidade que os adolescentes tem da arte. Quando vejo uma platéia repleta de alunos sempre me emociono, pois ainda acredito no teatro como elemento de transformação da sociedade. E sempre, esteja eu em cena ou na platéia... esqueço e repenso os meus conflitos!!!"


Luciá Tavares, autora do espetáculo Conflitos e atriz da Cia Z

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